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A Vista da Minha Varanda: Reflexões de um Morador de Serra Negra

21/04/2025 - Crônicas Imobiliárias

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A Vista da Minha Varanda: Reflexões de um Morador de Serra Negra

Acordo cedo, como de costume, com o som suave dos pássaros que parecem conversar entre as árvores ao redor da minha casa. O ar fresco de Serra Negra entra pela janela, trazendo o cheiro de terra molhada e folhas verdes, um perfume que só quem vive no interior pode entender. Ainda de pijama, pego minha caneca de café e caminho até a varanda. É aqui, nesse cantinho de madeira que range sob meus pés descalços, que o dia realmente começa. A vista da minha varanda não é apenas uma paisagem — é um espelho para minhas reflexões, um convite silencioso para pensar sobre a vida.

Serra Negra, essa pequena joia encravada nas montanhas do interior de São Paulo, tem um jeito único de desacelerar o tempo. Daqui, vejo as colinas cobertas de verde, que parecem ondular como ondas suaves até onde meus olhos alcançam. No horizonte, o céu é de um azul tão limpo que quase dói olhar, salpicado por nuvens que parecem algodão. Às vezes, quando a neblina desce, as montanhas desaparecem, como se fossem um segredo que a natureza guarda para si. Hoje, porém, o dia está claro, e consigo ver até o contorno distante das torres de água que marcam o centro da cidade.

Minha varanda é simples: uma rede pendurada entre dois pilares, uma mesa de madeira onde deixo meu café, e uma cadeira que já foi branca, mas agora carrega as marcas do tempo. À minha frente, o quintal se estende até uma cerca viva que plantei há alguns anos, com arbustos que crescem desordenados, mas cheios de vida. Há um pé de jabuticaba que, nesta época do ano, começa a dar frutos pequenos e brilhantes, e um ipê-amarelo que, quando floresce, transforma o jardim num tapete dourado. Tudo isso, somado ao silêncio que só é quebrado pelo canto dos pássaros ou pelo latido distante de um cachorro, me faz sentir uma paz que eu nunca conheci na cidade grande.

Quando me mudei para Serra Negra, há pouco mais de três anos, eu não sabia o que esperar. Deixei São Paulo com um misto de alívio e medo. Alívio por escapar do trânsito caótico, da poluição e da correria que me consumia; medo porque, bem, começar de novo nunca é fácil. Eu queria uma vida mais simples, mais próxima da natureza, mas não tinha certeza se conseguiria me adaptar. Nos primeiros meses, confesso, senti falta do barulho, das luzes, da sensação de estar sempre no meio de algo maior. Mas, aos poucos, Serra Negra me ensinou a ouvir o silêncio, a apreciar as pequenas coisas — como o som da chuva caindo no telhado ou a forma como o sol se põe, tingindo o céu de laranja e roxo.

Hoje, enquanto olho para o horizonte, penso em como essa vista da minha varanda se tornou um refúgio para meus pensamentos. Aqui, já chorei as dores de um dia difícil, já ri lembrando de histórias antigas, já sonhei com planos que ainda não sei se terei coragem de realizar. A varanda é meu confessionário, meu terapeuta, meu espaço sagrado. Às vezes, trago um caderno e tento escrever o que sinto, mas as palavras nunca parecem suficientes para capturar a sensação de estar aqui. É como se a paisagem falasse por mim, me dizendo para respirar fundo, para deixar o tempo passar sem pressa.

Enquanto o café esfria na caneca, observo um casal de sabiás que pousa na grama, bicando o chão em busca de algo para comer. Eles não têm pressa, e isso me faz sorrir. Na cidade, eu vivia correndo, sempre atrasado para algum compromisso, sempre preocupado com o próximo item da lista interminável de tarefas. Aqui, aprendi que o tempo não é meu inimigo. Aprendi a parar, a olhar, a sentir. Não é que Serra Negra tenha resolvido todos os meus problemas — as contas ainda chegam, os dias ruins ainda existem —, mas a cidade me deu uma nova perspectiva, uma nova forma de enfrentar as coisas.

O sol sobe devagar, e a luz começa a aquecer meu rosto. Fecho os olhos por um momento e ouço o vento que sopra entre as árvores, um som que é quase uma canção. Penso em como a vida é feita de camadas, de momentos que se sobrepõem. Houve um tempo em que eu achava que felicidade era ter mais: mais dinheiro, mais conquistas, mais coisas. Hoje, sentado nesta varanda, entendo que felicidade pode ser menos — menos pressa, menos barulho, menos peso. Serra Negra me ensinou a encontrar beleza na simplicidade, a valorizar o que é essencial.

Às vezes, amigos da cidade vêm me visitar, e eu os levo para essa varanda. Eles sempre dizem a mesma coisa: “Nossa, que paz!”. E eu sorrio, porque sei que não é só a paisagem que eles estão vendo. É a promessa de uma vida diferente, mais leve, mais verdadeira. Alguns dizem que também querem se mudar, que sonham com uma chácara ou uma casinha no interior. Eu incentivo, claro, mas também aviso: não é só sobre o lugar, é sobre o que você carrega dentro de si. Serra Negra não muda quem você é, mas te dá espaço para descobrir quem você pode ser.

O café já está frio, mas não me importo. Levanto da cadeira e caminho até a rede, deitando-me com cuidado para não derrubar a caneca que ainda seguro. Balanço devagar, olhando para o céu através das folhas do ipê. A vista da minha varanda não é só o que vejo — é o que sinto, o que penso, o que sou. Serra Negra me deu isso: um lugar para existir, para respirar, para ser. E, por hoje, isso é mais do que suficiente.




Fonte: Fonte de morador

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