Notícias

O Preço que o Mercado Fala

08/03/2025 - Crônicas Imobiliárias

noticias

O Preço que o Mercado Fala


Você já parou para ouvir o mercado falar? Ele não é como uma multidão em um leilão, gritando preços ao vento, nem como um vendedor insistente batendo à sua porta. O mercado sussurra, como uma brisa que carrega segredos entre as folhas, revelando verdades que muitos ignoram por teimosia ou esperança cega. O grande problema é que, quando finalmente se dão conta de escutar, o tempo já se foi, levando consigo oportunidades que poderiam ter mudado tudo. Essa lição ficou clara em uma história que envolveu um homem chamado Carlos, um proprietário que aprendeu, da maneira mais difícil, o que acontece quando se ignora o que o mercado tem a dizer.
 

Carlos era um pai de família na casa dos cinquenta, com rugas que contavam anos de trabalho duro. Ele precisava vender sua casa, um lar que ele chamava de “o sonho da família”. Aquela construção, com janelas de madeira envelhecida e um quintal que já abrigou churrascos e brincadeiras infantis, era um depósito de memórias: os primeiros passos dos filhos, as noites de Natal com a mesa farta, os risos que ecoavam pelo corredor. Mas, naquele momento, o sonho estava virando um fardo. Anunciada por meses, a casa não atraía uma oferta séria. A razão era clara: o preço. Ele insistia em R$ 600 mil, um valor que não vinha de uma análise de mercado, mas de um achismo alimentado por uma avaliação antiga feita por um corretor inexperiente. Esse corretor, um jovem de sorriso fácil e promessas grandiosas, convenceu Carlos de que o bairro estava em alta, que os preços só subiriam, e que R$ 600 mil era até um desconto para uma casa tão cheia de história. Carlos se agarrou a essa ideia como quem se apega a uma ilusão, porque aceitar o contrário seria admitir uma derrota pessoal.
 

Um corretor mais experiente foi chamado para avaliar o imóvel em uma manhã de sábado, com o sol tímido filtrando-se pelas nuvens. A casa tinha um charme antigo, com uma fachada que evocava tempos mais simples e um quintal que, em seus dias de glória, deve ter sido um pequeno oásis. Mas o quintal agora era um caos de mato alto, com brinquedos quebrados espalhados como relíquias de uma infância perdida, e a pintura da fachada descascava como pele ressecada pelo sol. A localização era razoável – perto de uma escola barulhenta, uma padaria cheirosa e uma pracinha onde crianças corriam –, mas nada que justificasse os R$ 600 mil. Após horas de análise detalhada, comparando vendas recentes, estudando a demanda no bairro e considerando os custos de reparos, a conclusão foi firme: o valor real de mercado era R$ 450 mil, um preço que refletia a realidade nua e crua.

Quando essa análise foi apresentada a Carlos, o ar na sala ficou denso. Seus olhos se apertaram, e ele reagiu como se tivesse ouvido uma ofensa. “Isso é um absurdo!”, gritou, a voz tremendo de raiva. Ele acreditava que o preço baixo era uma tentativa de desvalorizar seu lar, ignorando o valor sentimental que aquelas paredes guardavam. “Isso aqui é o meu passado, o futuro dos meus filhos!”, defendeu-se, apontando para os cômodos que testemunharam sua vida. Apesar da explicação paciente de que o mercado não se curva a emoções, ele virou as costas, determinado a manter os R$ 600 mil. Era uma batalha contra a lógica e contra o relógio.
 

Os dias seguintes foram um espelho cruel dessa teimosia. A casa ficou parada, como um navio ancorado em um porto deserto. As visitas eram raras, e os poucos interessados saíam com sorrisos forçados, oferecendo no máximo R$ 400 mil – um golpe baixo no orgulho de Carlos. Enquanto isso, as contas se acumulavam: o IPTU atrasado, a conta de luz que subia com a casa vazia, o silêncio que tomava um lar que já pulsava de vida. Após mais de um mês nessa agonia, com noites mal dormidas e o peso financeiro apertando, Carlos cedeu. Sua voz, antes cheia de indignação, agora era um sussurro de rendição. “Talvez eu tenha sido precipitado”, admitiu, aceitando uma nova reunião.

A reunião aconteceu na sala de estar, onde o cheiro de madeira antiga e tinta descascada pairava como uma memória viva. O preço foi ajustado para R$ 460 mil, um valor que respeitava o mercado sem apagar o apego de Carlos. Pequenos reparos foram feitos: o mato foi cortado, revelando um verde tímido, uma nova camada de tinta devolveu dignidade à fachada, e o portão que rangia foi consertado. A mudança foi discreta, mas transformadora. Em duas semanas, um jovem casal apareceu. Eles caminharam pelo quintal, sonhando com seus próprios filhos ali, e se apaixonaram pelo potencial da casa. A venda foi fechada, o casal saiu radiante, e Carlos, com lágrimas nos olhos, assinou os papéis. “Eu deveria ter ouvido antes”, murmurou, guardando a lição para sempre.
 

Essa não foi a única vez que o mercado ensinou uma lição dura. Uma chácara, em outra cidade, foi avaliada em R$ 1 milhão por um corretor que nem visitou o terreno ou checou a documentação. Por três anos, ficou abandonada, um gigante coberto de mato, enquanto o proprietário, Manoel, via suas economias derreterem. Uma análise minuciosa ajustou o preço para R$ 700 mil, regularizou tudo e, após abrir uma trilha de acesso, a chácara foi vendida a um investidor que viu ali um retiro rural. Manoel, com lágrimas escorrendo, sentiu o alívio de quem aprendeu a ouvir.
 

O mercado não é um adversário, mas um guia que fala baixo. Ele ensina a quem está disposto a ouvir, revelando o valor real por trás de cada tijolo e cada sonho.

 




Fonte: Rubens

Informe o número correto
icone-whatsapp 1
(19) 999-475750

O Corretor

  • Dalessandri Negocios Imobiliários
    Serra Negra/SP e Região
    Creci: 286365-F

Contato

www.dalessandrinegociosimob.com.br © 2025. Todos os direitos reservados.

Site para Imobiliarias
Site para Imobiliarias

Esse site utiliza cookies para garantir a melhor experiência e personalização de conteúdo. Ao continuar navegando, você concorda com nossa Política de Privacidade.